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domingo, 17 de abril de 2011

Sarah Dessen - Just Listen


Sarah Dessen - Just Listen.

A garota que esconde um segredo.


Editora: Farol

Páginas: 307

Ano: 2010


Sinopse:


Depois de ter sido pega com namorado da melhor amiga numa festa, Annabel Green começa o ano letivo sendo ignorada pelo resto da escola. Mas o que realmente aconteceu naquela noite ainda é segredo, que ela não se arrisca a contar para ninguém. Os problemas de Annabel são explicitados pela recusa da família em admitir os próprios problemas: a fissura da mãe para que as filhas virem modelos famosas e Whitney, a irmã do meio, que sofre de anorexia. Uma amizade em Owen, o DJ da rádio comunitária, que tenta constantemente ampliar os gastos musicais de Annabel, fará a tímida jovem a aprender a falar a verdade, doa a quem doer. Ele tem uma missão quase impossível: fazer com que Annabel “Não pense nem julgue. Apenas ouça.”


Comentários:


“(...) Eu estava começando a perceber que não se deveria ter medo apenas desconhecido. As pessoas que mais conhecem você podem ser mais ameaçadoras, pois o que elas dizem e pensam a seu respeito pode não ser apenas assustador, mas também verdadeiro.” (p. 59)


Se você está procurando um romance meloso, daqueles para suspirar do início ao fim, certamente esse não é o que procura. Agora, se quer um romance verdadeiro, daqueles para te fazer parar e pensar, repensar, ou melhor, R e R (Reformular e Redirecionar, na sabedoria do Owen), com certeza precisa ler esse livro.


Sabe quantas vezes escondemos sentimentos e pensamentos só para não magoar as pessoas que amamos e não criar conflitos?

A mentira polida de cada dia, a verdade editada ou as omissões são tão constantes que, às vezes, passam despercebidas.

O “tudo bem” automático, mesmo quando estamos tristes...


Mas as pequenas mentiras vão se acumulando até o momento que voltam para nos assombrar ou atropelar.


Essa é a questão central do livro, porém não a única. Afinal, a história, narrada pela protagonista, Annabel Green, retrata a sua relação com a família e amigos. A garota sempre muito bem educada, mediadora dos conflitos entre as irmãs, modelo desde bebê, orgulho dos pais, mas, na realidade, uma menina insegura escondendo um grande segredo que, embora pense ter superado, afeta sua vida. Isolada das amizades, das sociais, perseguida por sua ex-melhor amiga que a acusa de tentar roubar seu namorado, relegada à solidão do muro na hora do almoço, passa a observar como a falta de dizer o que sentia e algumas escolhas erradas fizeram com que perdesse as pessoas realmente importantes. Como esconder um segredo para não sobrecarregar sua mãe está, pouco a pouco, fazendo mal.


Será que não dizer a verdade porque dói é melhor? Certamente, é mais fácil, dependendo do ponto de vista...


Mesmo que a família Green more numa casa de vidro, esconde muita coisa. Uns dos outros. E das pessoas ao redor. O pai que, isolado no meio de quatro mulheres, se recusa terminantemente de falar sobre temas femininos, a mãe que “finge” não vê os problemas das filhas, duas irmãs mais velhas: Kirsten - a popular e comunicativa que não gosta de se misturar com a piralha - e Whitney, que sofre com problemas alimentares (anorexia).


Se não bastasse todo o drama familiar, temos Sophie - a amiga malvada que costuma destratar a maioria das meninas e mandar nas que andam com ela - e o namorado dela, Will, o dito cujo que é visto na última festa com a Annabel por quase toda a escola. Com o isolamento, Annabel passa a notar e se interessar mais pelos excluídos e, no meio desses, há um garoto grande que não vive sem seu iPod. O que será que ele escuta? Será verdadeira sua fama de estar sempre envolvido em brigas?


É esse mesmo garoto que todos temem que a ajuda em uma de suas crises e passa a ser seu único amigo. Owen Armstrong realmente era violento, mas passou por um programa de Gerenciamento de Raiva e agora só fala a verdade. Ele é viciado em música - melhor dizendo, ele se considera um iluminado - e tem um programa na rádio comunitária do bairro. Será através dessa relação de amizade e trocas de opiniões sobre músicas que ela aprenderá o valor e a importância da verdade.


“(...) – Você vai odiar todas elas – ele admitiu. – Ou não. Talvez seja a resposta para todas as questões da sua vida. É justamente essa a beleza do negócio. Sabe? Olhei para os CDs novamente, observando a capa. “Just Listen”, eu disse. – Sim. Não pense nem julgue. Apenas ouça. – E depois o quê? – E depois – ele disse – você pode decidir. Justo não? E me pareceu justo mesmo. Seja uma música, uma pessoa, ou uma história, não há como saber de algo quando se conhece apenas um trecho, quando se deu uma rápida olhada ou se ouviu parte do refrão.” (p. 139)


Como o sofrimento é opcional na maioria dos casos, vemos aqui mudanças e crescimentos em cada uma das personagens. Não fáceis, nem rápidas, mas construídas pedra por pedra, um pouco a cada dia e, principalmente, a partir da convivência e trocas pessoais.


(...) “– Sabe – Owen disse, quando seus dedos encontraram os meus – parece mesmo que você tem todas as respostas. – Não – falei. – Só estou tentando fazer o melhor que posso de acordo com as circunstâncias. – E como você está se saindo? – ele perguntou. Não havia resposta curta para isso, assim como para muitas outras coisas, era uma longa história. Mas o que realmente torna qualquer história verdadeira é saber que alguém irá ouvi-la. E entendê-la. – Bem, você sabe – respondi –, é algo que se constrói dia após dia.” (p. 300)


Enfim, é uma história que trata de temas reais, até considerados tabus, que muitas vezes não são discutidos e encarados abertamente. A autora os retrata com sutileza, levando a questionamentos internos e ensinamentos. Com personagens verossímeis, bem elaboradas, um mistério que nos instiga a ler o mais rápido possível para descobrir, um romance leve e, ao mesmo tempo, profundo, temos aqui um livro que não deveria faltar nas listas de leituras imperdíveis e uma autora que precisa ter seus livros disponíveis aos fãs brasileiros.


Fica aí uma dica de música do Owen... Sejamos também Iluminados, hein pessoal?!


Led Zeppelin - Thank You



If the sun refused to shine
I would still be loving you
When mountains crumble to the sea
There'll still be you and me

Kind woman, I give you my all
Kind woman, nothing more

Little drops of rain, whisper of the pain
Tears of loves lost in the days gone by
My love is strong with you there is no wrong
Together we shall go until we die

Inspiration is what you are to me
Inspiration, look to see

And so today, my world it smiles
Your hand in mine we walk the miles
Thanks to you it will be done
For you to me are the only one

Happiness, no longer sad
Happiness, I'm glad

If the sun refused to shine
I would still be loving you
When mountains crumble to the sea
There'll still be you and me, and me

Tradução

Se o Sol se recusasse a brilhar
Eu ainda estaria amando você
Quando as montanhas desmoronarem rumo ao mar
Ainda assim haverá você e eu

Mulher bondosa, eu te darei tudo
Mulher bondosa, nada mais

Pequenas gotas de chuva, sussurros da dor
Lágrimas de amor se perdem com o passar dos dias
Meu amor é forte, com você não existe erro
Juntos nós ficaremos até morrer

Inspiração é o que você é para mim
Inspiração, veja, entenda

E então hoje, meu mundo sorri
De mãos dadas, nós caminhamos quilômetros
Graças a você isso será feito
Para mim você é a única

Felicidade, tristeza nunca mais
Felicidade, eu estou satisfeito

Se o Sol se recusasse a brilhar
Eu ainda estaria amando você
Quando as montanhas desmoronarem rumo ao mar
Ainda assim haverá você e eu.



É isso! Até o próximo livro com coração (e cabeça também, né?!)...